segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Ametista




Toca o celular, ela estica o braço tateando a mesinha, sem quase abrir os olhos e atende...

Uma bela tarde de domingo começava, o dia ensolarado, uma leve brisa refrescante, pássaros cantando, nem o barulho dos carros ousaram estragar um dia tão lindo. Aquela cama aconchegante, que já tinha a marca do corpo pequeno e delicado e o envolvia quase que como um ninho, com seu blusão de dormir e uma calcinha de algodão de bichinhos, exibiam as formas bem desenhadas e sensuais, tão bela com seu cabelo escuro e brilhante, levemente ondulado caindo no rosto. Deixando aparecer apenas aparecer seus lábios lindos daqueles que fica impossível não sentir uma incontrolável vontade de beijar.  Do outro lado da cidade a curiosidade fez com que dedos inquietos ao invés de roer as unhas, discassem no telefone o número que ditaria como seria aquele domingo. João acordou bem cedo, praticou suas meditações em busca da tranqüilidade que a semana que passou não lhe proporcionou, ajeitou suas coisas, arrumou a casa e não se contendo , ligou para Ametista. A voz serena, um pouco rouca, de quem acabou de acordar desejava-lhe um bom dia enigmático, mas que logo em seguida transformou-se em palavras doces. Combinaram de ir à praia fim de tarde e Ametista voltou a dormir para recuperar o sono perdido da noite anterior, que após uma semana isolada e mergulhada em um lapso de tempo entre passado e futuro, voltava a ver o rapaz, que dessa vez não se permitiu mergulhar nas profundezas do limbo de suas próprias tristezas. Quando Ametista resolveu levantar da cama e acordar para o dia que gritava feliz lá fora, João já se refrescava com uma cerveja e bons papos de botequim, enquanto sua mão escorregava no bolso segurando o celular na espera da ligação de dela. Fim de tarde na praia, o sol já preguiçoso se preparava para se esconder atrás dos prédios, o vento que já gelava a pele um pouco além do que deveria, mas não intimidou Ametista que logo foi tirando a roupa para ficar só de biquíni, aquela cena que tantas vezes já se repetiu na frente de João, sempre lhe dava um nervoso, como se fosse a primeira vez, não deixava de reparar cada curva, cada detalhe daquela pele delicada, linda, macia que lhe deixava sempre hipnotizado. Assistiram ao pôr-do-sol deitados na areia, entre carinhos, beijos e palavras doces, boas conversas sobre tudo. A noite se aproximava e então foram pra casa de João, então as tensões, de uma semana distante, de repente somem entre braços e pernas entrelaçados, beijos e carícias, olhares, respirações, o calor da pele tudo era muito mais que fazer amor, talvez inominável. Onde dois se tornam um único corpo, uma única alma, sem vaidades, ciúme, medos, disputas e egoísmos. Onde se completam de forma mais plena e de apenas olhar nos olhos já dizem tudo um para o outro. O fim de noite se aproxima e Ametista tem que partir para casa, Como sempre João a levava. No ônibus sempre ouviam música, falavam pouco, a comunicação era tátil, com afagos, carinhos ou simplesmente segurando as mãos. Chegando próximo a casa dela comeram pizza e beberam Chopp, conversaram, brincaram, deixando a sensação de que todos os dias pudessem ser como aquele Domingo, onde a felicidade esquece os problemas e impedimentos. Talvez pela primeira vez tivessem vivido um dia no presente, sem se preocupar com o ontem ou amanhã. E da forma mais plena até aquele momento, viveram o “hoje” intensamente. Essa estava longe de ser uma simples e feliz história de amor...   
[continua]

domingo, 3 de julho de 2011

Caroline [parte 2]


Chega quarta-feira, meio da semana, dia de uma cervejinha para relaxar...
Nos dois dias anteriores, Ralf fez questão de ignorar Caroline. Passava em frente à loja em que ela trabalhava, sem olhar, tentando manter um sorriso no rosto, transbordando uma aparente alegria, que Carol percebia claramente que era para provocá-la. A moça decide então ir até o barzinho aonde o pessoal se reúne as quartas para uma cervejinha, passando antes em casa para se produzir, mais uma vez se arrumando de forma irresistível, hoje era dia de acalmar a fera. Chegando ao bar ela cumprimenta todos a mesa, com um abraço especial em Ralf, sentindo seu perfume e dando um beijo bem carinho no rosto dele, que não demonstra muita coisa a não ser um olhar reprovador com um sorriso de canto de boca, como quem diz: Você me paga. Marcos, um grande amigo de Carol, que estava sumido faz tempo estava presente, então os dois conversam sem parar, colocando o papo em dia, volta e meia, Ralf olha pra moça de rabo de olho, observando sua conversa com o amigo, observando como estava linda, seus cabelos cacheados soltos que ele tanto adora, mas definitivamente não arriscaria uma investida em Carol naquele momento, depois do episódio do fim de semana. Chegada a hora de ir embora ele a observa de longe, mas a moça ousada como sempre, resolve provocar mais um pouco, chega nele de mansinho, com olhar de desejo observando cada detalhe e puxando Ralf pelo braço diz:
─ Quero falar com você!
Ele mais uma vez com aquele olhar de quem quer vingança, mas prestando atenção nela, responde:
─ Você acha que ainda tenho alguma coisa para falar com você? Hunf.
Ela segura mais forte o braço do rapaz, puxando-o levemente em direção a ela, olhando para os lábios dele como quem deseja provar a fruta mais gostosa do mundo e fala:
─ Não precisa falar nada, existem coisas melhores do que isso, não acha?
Então solta o braço dele, da um sorriso e um beijo no rosto e completa:
─ Mas já que você prefere falar, ou não falar, tudo bem, respeito isso!
E vai embora.
Mais uma vez estava Ralf sem ação diante das atitudes daquela que consegue desmontar todas as suas defesas com um piscar de olhos.

sábado, 25 de junho de 2011

Caroline



─ Sex on the beach, por favor!
Assim Caroline começa a noite, um drink gostoso, um belo vestido vermelho de alcinha, com o estratégico palmo e meio da cintura, os belos cabelos cacheados com um castanho brilhante, cheirosos, lindos! Armada com o sorriso no rosto e uma missão...
Era comum nas noites de sextas-feiras sair com os amigos de trabalho do shopping. Mas esse dia era especial, Ralf estava certo que a noite era dele, que a mais bela entre todas era só dele depois da semana de olhares, sorrisos e indiretas. O rapaz era do tipo pegador, caçador, que sempre conseguia conquistar as mocinhas com seu jeito sedutor, sempre arrumado e perfumado, cheio de atitude, nada abalava sua auto-estima, confiança, status... O típico garanhão. Só que dessa vez quem estava na mira era Caroline, não era qualquer garotinha. Foi então que o caçador virou a caça. Todos dançavam e se divertiam tomando seus drinks, Ralf não tirava os olhos de Caroline que dançava sem parar, o mundo era só dela naquele momento, todos paravam para ver a bela da noite, vez em quando algum aspirante a pegador tentava chegar na moça... Sem sucesso. Ela esperava por Ralf, esperava aquela atitude que ele tanto se orgulhava, olhava de rabo de olho só para provocar. Ela acaba se distanciando, vai para o meio da pista e abrem uma roda a sua volta, foi então que o rapaz não se agüentando mais, vai em direção a moça, era tudo que ela queria. Carol olha para ele, da uma piscadinha com aquele ar de satisfação e apóia-se no queijão... Tal como filme dois rapazes chegam e ajudam a moça a subir e ela vai para a barra. Pole dance era uma de suas armas secretas para aquela noite. Assim que sobe uma multidão fecha o caminho de Ralf que observa atrás, sem jeito, sem chão, sentindo algo que talvez até pudéssemos chamar de raiva. Caroline da um show e dança como nunca...  Sensual, doce, provocante, apimentada. O rapaz nessa hora já está sentado, com sua vodka, observando com cara de poucos amigos, então Carol decide que é hora do cheque-mate. Pede ajuda a um moreno alto, o que mais chamava a atenção dela no meio da multidão que cercava o queijo. Ele a pega no colo, passa com ela na multidão e a leva até próximo a mesa aonde se encontravam os amigos e Ralf. O moreno coloca a moça delicadamente no chão e a segura nos braços novamente dando-lhe um beijo de tirar o fôlego até de quem vê. Ela pega seu drink na mesa olhando com um sorriso provocante para Ralf, bebe um gole e volta para dançar com o restante dos amigos que só comentam sobre a bela performance que acabaram de ver. Ela agora só queria saber de dançar e se divertir com seus amigos, sua missão já estava cumprida, Ralf estava desarmado, como diz a música “nu com a mão no bolso”, estava pronto para cair nas mãos de Caroline...

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Sigel




Mais um dia cansativo acaba...
Enfim ela sente o aconchego do seu lar... Suspira profundamente. Tira os sapatos que lhe torturaram os pés desde cedo, joga a bolsa no sofá, vai até a cama e se joga... Desmoronando junto aquela aparente força que fez com que parecesse bem o dia todo perante as pessoas. Agora estava só, aqueles belos olhos verdes poderiam alagar sem problemas, os cabelos que lembravam raios de sol numa manhã de domingo já podiam ser bagunçados pelas delicadas e pequenas mãos inquietas. Aquela cama que outrora pareceu pequena demais para dois corpos em chamas agora era um vasto campo a ser superado. Um campo que trazia a memória um passado feliz. Agora lhe parecia que aquele campo queimava o alvo e delicado corpo a cada lembrança que vinha a tona. Ela levanta e vai até a janela, apóia-se e respira fundo enchendo o peito de esperança, observa cada luz acesa em cada janela dos prédios a sua frente, imaginando quantas pessoas estavam agora com seus amores e quantas estavam como ela, sofrendo pela falta do amor que foi embora. No banho sente a água valar-lhe não só cada detalhe de seu lindo corpo de uma feminilidade incomparável, mas também lhe purificava a alma pacificando os pensamentos. Ela sai do banho, coloca uma regata e uma calcinha e vai conferir seus emails. Os grandes olhos verdes buscam qualquer notícia que pudesse te fazer sorrir, mas nada acham, no Messenger os mesmos abutres que não perdiam uma só oportunidade de tentar as mesmas velhas cantadas de fim de carreira que já te dava nos nervos, então em uma rede social vê uma frase interessante que te faz refletir, sorrir “Troco meu coração por um fígado”, Ela então vai até o intermediador daquela mensagem... Era Hati, com quem não tinha muito a falar, conhecera por um acaso na própria internet através de uns contatos, mas nunca trocaram muitas informações. Hati às vezes mandara umas mensagens, mas nada que despertasse o interesse de Sigel. Mas que mal tinha conversar um pouco? Talvez essa filosofia de louco tivesse algo de interessante a lhe oferecer. Ela então começa a conversar com o rapaz... A conversa flui descontraída, falam sobre tudo, amores e desamores, vida, paz, fotografia e qualquer coisa que acabasse em boas reflexões. Riam até não poder mais, por coisas bobas, engraças. Sigel vez em quando quase se jogava para trás, parava para recuperar o fôlego de tanto rir... Não mais havia tristeza naquele lindo rosto com a delicadeza de uma rosa desabrochando. Na hora de dormir ela evitou sua cama deixando-a para as lembranças apenas. Resolveu dormir na rede, olhando as estrelas através da varanda. Ainda doía-lhe o peito, as feridas ainda estavam lá... Mas sorrir é o melhor remédio para curar um coração partido.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Psique

A porta do taxi abre... Primeiro sai o Allstar preto, seguido do simples vestido azul até a canela, depois a bolsa que não combinava com nada, logo os cabelos castanhos, lisos, com cachos nas pontas e por ultimo o olhar verde-esmeralda de Psique, por um momento o tempo parou pra contemplar singela beleza desajeitada.
Ela adentra o salão com a determinação de quem está certa do que quer... Cumprimenta os amigos e se coloca em seu posto. A felicidade toma conta de seu peito, a partir daquele momento todos os problemas se vão... Aquele lindo corpo esbelto, violão, da chamada típica carioca, agora se resumia ao puro prazer de dançar sem parar.
Foi então que Loki, tão distante e desatento, como nos últimos dias, percebeu aquele olhar de uma pureza perturbadora, que fez engasgar com a cerveja, tamanho o impacto da presença dela e os olhares cruzaram mais três vezes em questão de segundos, ela sempre desviava o olhar vagarosamente, deixando o rapaz com as mãos frias. Psique se destacava no meio da multidão com seu jeito livre, descontraído e sensual de dançar. E muitos chegavam ao pé do ouvido da moça, sem sucesso, mas com a satisfação de sua simpatia.
Então Loki vê que um amigo conversar com a moça, vê uma chance ali de se aproximar de forma mais natural. Ele fala com o amigo que imediatamente leva-o até a moça e a apresenta... Ele se apresenta primeiro para a amiga de Psique, tentando camuflar seu desejo na moça. Depois vai até ela dando dois beijos no rosto, apreciando cada segundo de contato com sua pele macia. Loki então percebe que seu amigo já havia saído de perto. Em fração de segundos o rapaz pensa em estratégias, falas e qualquer coisa que lhe pudesse fazer destacar ante aos outros interessados... O que o faz ficar com cara de bobo, olhando para o nada, perto da moça... Psique apesar de curiosa continua dançando e esperando uma provável investida da parte dele, já preparando para dispensá-lo educadamente. E então ele faz o inesperado... Pede gentilmente para falar com ela, que sorri, bebe mais um gole do seu drink que umedece seus lábios de um traço delicado e hipnotizador como que pintado por Dali, e então se aproxima... Ele pára por mais uns segundos, atônito! Contempla cada detalhe de sua pele alva e macia, seus cabelos que agora presos evidenciam aquele lindo pescoço, desperta o desejo quase que incontrolável de beijá-lo. Assim... Sentindo o perfume e o calor da pele de Pisque, Loki tocando seus lábios no ouvido na moça, diz:
─ Como percebeu, estou te observando a noite toda, não consegui que fosse diferente, pois você é encantadora. Mas não vou falar demais, só não poderia sair daqui hoje sem conhecê-la. Espero em outra oportunidade poder conversar, conhecê-la melhor.
Ela sorri e olha fixo nos olhos dele, bebe mais um gole de seu drink que deixa seus lábios gelados e então ela se aproxima encostando-os no rosto do rapaz, próximo a orelha, fazendo com que se arrepie e com sua voz serena, diz:
─ Lógico que podemos! Assim você verá que realmente sou encantadora.
Os dois sorriram e mais uma vez os olhares falavam mais do que qualquer palavra. Sabiam que naquele dia só restava se entregarem as vibrações sonoras para se desconectarem de seus problemas, cumprindo assim o objetivo daquela noite. Voltaram para junto de seus amigos... Dançaram até não poder mais.